segunda-feira, julho 25, 2005

Terras da Costa

Sentada na rocha
de olhos no mar
Menina-Sem-Nome
não sabe chorar.

Queimada do sol
corpo franzinho
ignora o passado

ignora o destino.

Vivia na rocha
tal como uma lapa
e somente tinha
uma velha capa.

Vivia sozinha
de noite e de dia
até que um velho
lhe fez companhia.

Era um velho sábio
das coisas do mundo
e pela natureza
tinha amor profundo.

Menina-Sem-Nome
o velho cobriu
com a sua capa
quando ele partiu...

"_Parto - disse o velho -
- mas a capa fica,
tu pensas que é pobre
mas é capa rica."

Menina-Sem-Nome
mulher se tornou
e gente mesquinha
bruxa lhe chamou.

Queimar as bruxas
impunha a lei
- então ela foi
presença do rei.

O rei logo viu
a sua inocência,
mandou-a embora
com ar de clemência.

E quando morreu

velha sem esperança
deixou ao tal rei
a sua herança.

A capa velhinha
com ouro e dinheiro
que lhe deixara
o seu companheiro.

Só tal descobriu

à hora da morte
morria assim rica
a pobre sem sorte.

Mais conta a lenda
que de "capa rica"
nasceu outro nome
nasceu "Caparica".